SPR orienta sobre cobertura plástica dos parreirais e busca parceria com sindicato dos trabalhadores rurais de Petrolina

Com novas previsões de chuvas intensas para o Vale do São Francisco até março do próximo ano, o Sindicato dos Produtores Rurais de Petrolina reforça, junto à categoria, a importância de se investir na cobertura plástica para produção de uvas de mesa na região. Segundo o advogado da entidade,  Fábio Schnorr, numa entrevista ao Nossa Voz dessa terça-feira (08), esse investimento deve ser feito de forma imediata e deve contar com o esforço de todos os envolvidos na cadeia de produção da viticultura.

“Nós, há pouco tempo, trouxemos para cá o meteorologista [Luiz Carlos] Molion e ele fez uma previsão. Em 2021 e 2022, ele fez uma previsão de chuvas e acertou em tudo, que teriam muitas chuvas ocorrendo aqui em Petrolina e região e isso, de fato, aconteceu. Nós vimos que a chuva realmente nos prejudicou bastante. E, de acordo com a nova avaliação que fez neste ano, ele disse novamente que nós teremos muitas chuvas ainda este ano e também em janeiro, fevereiro e março [de 2023], chegando a 728 mm de chuvas”, alertou.

As mudanças climáticas estão previstas não só para o Vale, mas para várias áreas produtoras de uvas no mundo. De acordo com os dados repassados, há previsão de frio intenso na Europa neste mesmo período. “E o que precisamos fazer? O produtor precisa se adequar e ter as áreas todas cobertas para manter o cultivo de uvas”, reforçou o advogado.

“A chuva é inimiga mortal da uva. Se chover, vai estragar a casca, vai apodrecer o fruto. É só pesquisar na internet. Se a fruta estiver molhada, é impossível colher essa fruta, porque, na hora em que você colocar na caixinha, logo depois ela vai apodrecer. Então, não tem como colher a uva molhada. Qual é a alternativa que temos aqui? Cobrir a área que é de cultivo de uva para, então, poder realmente manter essa cultura. Porque, se nós não conseguirmos manter essa cultura, encontrarmos alguma solução para essa realidade de chuvas na nossa região, a cultura da uva vai acabar”, aconselhou.

Entretanto, apesar de eficiente, a cobertura plástica representa um acréscimo importante nos custos de produção. “É muito alto esse investimento, os produtores vão ter que se adequar a isso, muitos produtores não estão conseguindo fazer isso e vão acabar perdendo a sua produção. E aí o que acontece? Eles vão buscar  empréstimos para fazer isso, muitos produtores ainda com dificuldades relacionadas à covid, à guerra [da Ucrânia], em relação à defasagem do preço da uva, estão enfrentando vários problemas. Nós recebemos o tempo todo produtores com dificuldades de negociar suas dívidas em bancos”.

Diante disso, o Sindicato dos Produtores Rurais de Petrolina está buscando medidas seguras para manter o trabalho no campo em meio ao intenso período chuvoso. “Para fazer a colheita da uva, o produtor precisa parar de aplicar o defensivo 70 dias antes da colheita. Porque, se fizer qualquer aplicação de defensivos nessa área, vai ficar resíduo de defensivos. E o produtor tem a obrigação de fazer a análise de resíduo antes de enviar sua fruta para o destino e lá, no destino, eles vão fazer uma  nova análise para saber se realmente tem algum resíduo ou não. Então, a informação que, inclusive, é publicada no Sindicato [dos Trabalhadores e Trabalhadoras Assalariados Rurais de Petrolina] de que tem resíduo, que tem a chuva e vai cair na planta e prejudicar o trabalhador, isso não é verdade. Inclusive, até os próprios trabalhadores consomem a uva neste período de colheita. E, se eles consomem, essa uva não tem nenhum tipo de resíduo, ela não pode ter nenhum tipo de resíduo”.

Schnorr ainda lamentou a atuação da entidade, que, segundo ele, estaria pressionando os trabalhadores a não atuarem mesmo havendo previsão na convenção coletiva da categoria. “Os sindicatos têm feito pressão junto aos produtores rurais dizendo que eles não podem colher uvas mesmo estando em uma área coberta, porque isso representa risco, porém os produtores têm as suas equipes de segurança do trabalho para fazer os monitoramentos que são necessários, fazer as indicações de segurança que são necessárias. E, na própria convenção, existe exceção lá, que poderia inclusive colher com chuva, mas ninguém colhe na chuva porque a uva não pode estar molhada”.

O que o representante do sindicato patronal esclareceu ao NV é que, antes de haver o investimento na cobertura plásticas dos parreirais, é necessário selar um acordo junto aos trabalhadores de que haverá a colheita nessas áreas nos dias chuvosos. Só assim seria viável fazer o investimento. “O que hoje está acontecendo é colher com a área coberta . E, se você quiser pesquisar na internet para comprovar o que estou dizendo, na Itália, hoje, a forma de se fazer o cultivo de uva é com área toda coberta. Isso é uma necessidade e essa tecnologia estamos trazendo para cá para dar continuidade ao cultivo de uva na região, aumentando a geração de empregos. Então, isso é necessário, nós precisamos, o sindicato dos trabalhadores precisa também nos ajudar nessa situação para encontrarmos uma nova realidade. Não adianta nada ficar o produtor rural dizendo que vai ser multado, que vão cobrar uma indenização do produtor rural porque isso não vai ajudar. Ele [sindicato] tem que fazer parte da solução deste problema”, conclamou. Schnorr também revelou estar em contato constante com o Ministério do Trabalho, inclusive buscando essa mediação junto ao órgão regulador. “Todos têm conhecimento dessa realidade. Todos precisam fazer parte da construção da solução para este problema. Nós não queremos transferir responsabilidades para ninguém, ao sindicato dos trabalhadores, aos trabalhadores rurais. Nós queremos, sim, que eles façam parte da solução desse problema. Queremos que o sindicato dos trabalhadores se sente com a gente. Já mandei vários ofícios para o sindicato dos trabalhadores. Eles podem sentar com a gente para trazer quais são os problemas que estão identificando nas visitas que fazem para que possamos resolver junto com eles. Isso é necessário.  Nós temos que entender a importância e a responsabilidade que nós temos com a economia de Petrolina e com a economia da nossa região”, finalizou.

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