Manejo integrado de pragas e doenças reduz danos e assegura produtividade

O volume de chuvas segue preocupando produtores e trazendo consequências no campo. Na cultura da uva, já são estimados prejuízos em torno de R$ 60 milhões. Em entrevista ao podcast “Da Central para o Campo”, o engenheiro agrônomo, Antônio Bruno Oliveira Nunes, expressou sua preocupação com o cenário climático e destacou a importância da inovação da viticultura no Vale do São Francisco. 

“As previsões são para que os próximos anos também chova bastante. Então, eu costumo dizer que a viticultura vai ter que se reinventar. Nós tivemos um período de quase 10 anos sem muitas chuvas, com poucos problemas em relação à fitossanidade, mas, de 2020 para cá, já temos muitos problemas nesse setor, justamente por conta das chuvas que vêm se acentuando. Em Santa Maria da Boa Vista, foram 700 mm acumulados, mas, a gente sabe e tem registro de outras fazendas, que já passam de 1000 mm este ano. É um nível de chuvas do Centro-Oeste, de regiões litorâneas”, destacou. 

Gerente responsável pelo Quintal dos Ferreiras, em Santa Maria da Boa Vista, Bruno defende o manejo integrado para o controle de pragas e doenças. “As pessoas, às vezes, se confundem um pouco em manejo fitossanitário, como sendo apenas aplicações de produtos químicos. Quando, na realidade, essas são apenas algumas das ferramentas que a gente utiliza no campo para diminuir os prejuízos e danos econômicos, causados por pragas e doenças. Isso vale para todas as culturas”, explicou. 

Sendo assim, além do uso de defensivos químicos, ele ressalta a importância do uso de indutores de resistência para atravessar pelos problemas relativos às chuvas, sem inviabilizar a comercialização dos frutos. “Eles funcionam, basicamente, com a mesma intenção de uma vacina, que a gente utiliza para fortalecer a nossa imunidade e conseguir responder melhor, ter um controle melhor das doenças. A gente faz as aplicações, safra após safra, independentemente de apresentar os problemas fitossanitários ou não. Estamos vivenciando, nos dois últimos meses do ano, dias bem chuvosos. Então, os problemas que vamos encontrar no primeiro semestre já começam a aparecer agora. E aí, precisamos fortalecer a planta, bem antes, para que quando cheguem esses períodos críticos, ela tenha a capacidade de responder metabolicamente para produzir algumas substâncias que consigam reduzir os danos causados por essas pragas ou doenças”.

Na lista desses indutores estão produtos à base de extrato de melaleuca, leveduras e poliflavonoides. “São produtos de rotas secundárias. Então, existem, hoje, uma diversidade muito interessante de produtos que vão agir nessa frente de indução de resistência”, afirmou.

Por fim, Bruno, ainda relembra, a importância da nutrição vegetal nesse tripé indispensável no manejo integrado. “Temos sempre que lembrar que para uma planta responder bem a esse controle fitossanitário, através de indutores de resistência, produtos biológicos e produtos químicos, ela precisa estar bem nutrida. Uma planta bem nutrida, responde muito melhor a doenças. Não vai deixar de acometer doenças na planta, mas a resposta dela é muito melhor. Os índices de produtividade e de qualidades se conservam. Haverá a presença, vai ter uma certa severidade também, mas a resposta da planta, em relação à produtividade e a comercialização, no final, será muito melhor se você fez todo esse trabalho bem casadinho: nutrição, indutores de resistência, produtos químicos, produtos biológicos e várias outras ferramentas”, reforçou o engenheiro agrônomo. 

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