Traça-do-tomateiro volta a causar prejuízos na safra 2022

Produtores de tomate do Distrito Federal têm relatado perdas de até 50% na safra de 2022. A causa de tantos prejuízos é uma antiga conhecida: a traça-do- tomateiro (Tuta absoluta), praga originária da América do Sul, detectada pela primeira vez em 1917, no Peru.

“Este ano a infestação está muito superior à do ano passado”, avalia o produtor Maurício Severino Rezende, que também é presidente da Cooperativa Agrícola da Região de Planaltina (Cootaquara).

Segundo Rezende, em 2021 as perdas com a traça-do-tomateiro não chegaram a 10%. “Este ano eu perdi metade da produção, e alguns plantios tiveram que ser abandonados, porque economicamente não era viável colher”, relata.

De acordo com a Embrapa, a situação se agravou por conta do baixo preço oferecido pelo tomate. “No plantio anterior, os preços estavam altos e por isso o mercado conseguia absorver um produto de qualidade um pouco inferior. Nesta safra, com o preço quatro vezes menor – R$ 40 a caixa contra R$ 160 do ano passado – a seleção teve que ser muito mais rigorosa”, afirma. Com isso, boa parte da produção virou ração animal, ou simplesmente foi descartada.

Manejo adequado pode evitar perdas

O entomologista Alexandre Pinho de Moura, pesquisador da Embrapa Hortaliças (DF), informa que esses picos de infestação pela traça-do-tomateiro têm sido recorrentes no país. “Há cerca de três anos tivemos uma situação semelhante no Brasil, mas ainda não foi possível identificar os fatores que determinam essa sazonalidade”.

Moura destaca que as infestações são mais comuns nos períodos mais quentes e secos do ano, quando a praga completa seu ciclo mais rapidamente e é possível a obtenção de várias gerações em um curto período de tempo.

A traça-do-tomateiro ataca a cultura durante todo o ciclo de produção, causando danos às folhas, aos ramos e aos frutos, que são broqueados pelas lagartas e perdem o seu valor comercial.

No entanto, o pesquisador explica que perdas tão elevadas, de até metade da produção, não são comuns. “De modo geral é possível manter um controle razoável. Eventualmente pode ocorrer algum desequilíbrio na cultura, por conta da aplicação equivocada de agrotóxicos, por exemplo, o que causa a explosão populacional da praga.” Também é importante que o produtor adote alguns cuidados, inclusive entre safras. “Algumas medidas são bem simples, como a destruição dos restos culturais contaminados e limpeza de todo o material utilizado na plantação, além dos cuidados durante toda a safra, como monitoramento da infestação e escolha correta dos produtos a serem aplicados”, recomenda o entomologista. Moura informa ainda que o uso associado de defensivos químicos com um inimigo natural da praga trouxe bons resultados em experimentos.

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