Com previsões favoráveis até maio, o cultivo da cebola seguirá em alta no primeiro semestre de 2023. A perspectiva foi divulgada na edição deste sábado (04) do podcast Da Central para o Campo, que entrevistou a especialista de mercado do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Marina Marangon. De acordo com Marangon, a estimativa é que as culturas da batata indústria, tomate indústria e cebola devem crescer em áreas cultivadas este ano, mas, na área da cebola, isso não afetará o equilíbrio entre a oferta e a demanda.
“A cebola foi o grande destaque para 2023, alcançou os níveis recordes de preço, principalmente no período entre outubro e novembro. Então, foi nacional, todas as regiões tiveram preços bem elevados e alcançaram o recorde nesses períodos. Não é uma coisa local, você comentou sobre os preços estarem altos aí na região, mas isso foi em todas as regiões produtoras do Brasil. O motivo disso foi que quase não tínhamos oferta disponível, por isso que o preço aumentou tanto. Tivemos uma redução de área no Nordeste, os problemas climáticos, muita chuva, acabou atrapalhando o plantio e tudo isso fez com que a gente não tivesse uma produção suficiente para abastecer o nosso mercado. Então, tivemos uma alta de preços muito expressiva”, explica.
Como exemplo disso, Marina aponta as cotações apuradas no final do ano passado. “Logo após o mês de novembro, já vimos que os preços voltaram a cair, mas ainda estavam em um nível alto. Semana passada, os preços, na média ao produtor, foram de R$ 2,70 o quilo, então é um preço que paga os custos e gera uma margem de lucros para o produtor. Então, ainda está num preço alto, óbvio que não está naquele pico de preço como estava em novembro, mas ainda está num nível de preço alto.”
Atualmente, o país segue abastecido pelas lavouras do Sul do Brasil, com previsão de importação da cebola produzida na Argentina. O Nordeste segue em cultivo, mas os produtores que programaram a colheita para este período também estarão inseridos no cenário lucrativo previsto para o período. “Então, é praticamente o Sul comandando o mercado da cebola. Como já está praticamente tudo colhido, tudo estocado, a gente não tem nenhuma perspectiva de que esse preço volte a cair até abril, maio. Óbvio que depende um pouco de como serão as importações. A gente começa a ter um mercado de importação agora da Argentina, o que é tradicional. Neste período, nós recebemos cebola da Argentina porque não costumamos ter quantidade interna disponível para atender a toda a nossa demanda. Então, até abril e maio devemos ter preços altos para o produtor de cebola”, pontua.
Por fim, a especialista completa considerando fatores climáticos e a qualidade de cada produção. Entretanto, no radar da Cepea, por ora, não há indicadores desses desvios de percurso. “Claro que alguns fatores acabam mudando, então temos a questão da qualidade também. Isso pode influenciar na precificação da cebola, pode mudar um pouco de acordo com a região. Mas, no geral, segue o mesmo padrão”, definiu.