A produção de melão, assim como as demais culturas existentes no Vale do São Francisco, está, ao longo dos anos, passando por um processo de modernização no seu cultivo. O assunto foi pauta da edição deste sábado (22) do podcast “Da Central para o Campo”, quando os representantes da Rijk Zwaan, Ruy Mitsuo e Cristiano Silva, fizeram um comparativo entre o plantio direto das sementes com o uso de mudas.
“A prática de plantio de mudas na região de Mossoró é 100%. Faz-se um canteiro para plantar o melão, mas o preparo da muda é feito em outro ambiente, num local protegido”, ilustrou Mitsuo. Nesta estratégia do manejo, entra a figura do viveirista que recebe a semente do produtor e faz o cultivo até que o pequeno meloeiro tenha condições de ser transplantado para o campo.
No plantio direto das sementes no campo, há variantes importantes a serem consideradas. “Mas, quando você faz o plantio direto, se você não tiver um preparo de solo bem feito, se não houve a colocação do plástico, do mulch bem feito, se ficar um espaço entre o plástico do mulch e a superfície do canteiro, do camalhão, a plantinha do melão, quando começar a sair, vai ficar embaixo do plástico. Então, ali, ele já sobra bastante porque precisa de luz, vai crescer em busca de luz e essa planta vai ficar fina, pode tombar e, como a região é muito quente, o plástico vai ficar quente, e isso pode queimar a planta. Também podem surgir torrões no canteiro que podem impedir a germinação perfeita”.
Outro problema está relacionado à incidência de pragas logo após a semeadura. “Ao mesmo tempo, quando você faz o plantio direito, à noite, podem vir grilos, cascudinhos, gafanhotos e outros insetos, o que é normal em qualquer região, que podem cavar e danificar essas sementes. Tem insetos que abrem um pouco a semente, comem o miolo e vão embora”, relatou.
E com a ocorrência dessas situações que impedem o desenvolvimento da planta, outras questões podem surgir. “É que, nas partes em que o plantio não vingou, o produtor vai repor o plantio das sementes, o que vai resultar num campo desuniforme porque tem aqueles que germinaram primeiro e tem aqueles que vêm no replantio com diferenças de idades.”
Mas caso o produtor opte pelo plantio direto é importante planejar a ação no campo. Foi o que explicou o representante técnico de vendas da Rijk Zwaan, Cristiano Silva. “Além dos fatores ambientais que Rui já citou, tem o fator humano. Nós sabemos que a nossa região é bastante quente e esse trabalho de plantio é, geralmente, feito por pessoas. Então imagine uma área de um hectare, onde a pessoa começa fazendo esse semeio logo pela manhã e, em seguida, o sol bate. Então, existem fatores que fazem com que o plantio direto seja prejudicado, como por exemplo, a profundidade em que a semente é depositada e, após esse plantio, há a continuidade no depósito dessas sementes. Então, imagine a temperatura a que ela estará submetida se a primeira lâmina de irrigação só for aplicada após o término de todo o semeio. Então, se isso durar o dia todo, a semente que foi semeada pela manhã vai pegar a temperatura do dia inteiro, praticamente.”
A solução para esse problema, segundo Cristiano, seria a divisão da área por setores. “Você pega um hectare e divide por setores. Então, se o produtor optar pelo plantio direto deve começar pelo primeiro setor e, após finalizar essa parte, deve soltar a primeira lâmina d’água e, assim, sucessivamente, até finalizar a atividade na área. Então, à medida que as pessoas vão fazendo o semeio setorizado, o produtor já pode ir soltando água. Isso minimizaria essa questão da temperatura.”
A opção pelo plantio de mudas reduz todas essas variáveis. “A muda é semeada numa bandeja, com substrato próprio para isso. É um substrato totalmente homogêneo, excelente para que ocorra esse processo de germinação e dentro de uma estrutura chamada viveiro, uma estufa, que tem um controle de umidade daquele substrato. Então, ali, é como a gente chama de berçário, dando condições para que um neném, um recém-nascido, comece a se desenvolver. Então, há as condições ideais para que ocorra esse processo de germinação e forme a plantinha para levar para o campo. Sem contar que o viveirista está cuidando de toda a nutrição e defesa contra pragas e insetos. Quando for para o campo, ela estará fortalecida e ‘vacinada'”, destacou Ruy Mitsuo.