Manejo incorreto faz uva perder o brix; saiba quais são os erros mais comuns

Além do aspecto físico, que inclui a exigência de padronização da cor das uvas (no caso das vermelhas e negras), o grau doçura/acidez possibilita ao produtor um maior poder de negociação e valoração do produto. Diante disso, equilibrar a relação de brix/acidez no fruto é fundamental. O brix mede o teor de açúcar da uva e tem padrões estabelecidos em normativas que determinam se a fruta atinge o padrão de exportação.

No Vale do São Francisco, já há uma expertise estabelecida sobre o cumprimento dessas metas, entretanto, alguns fatores podem atrapalhar o sucesso dessa “missão”. “A questão brix da uva não atingir o que o mercado deseja é o resultado de um somatório de vários fatores, entre eles, a questão operacional, as decisões técnicas do dia a dia”, explica o consultor em viticultura, Jadielton Lubarino.

Entre esses fatores, está a ausência ou a execução inadequada do raleio dos cachos. “Um excesso de bagos por metro quadrado, ou excesso de cachos, excesso de bagos no cacho, o tamanho do cacho pode influenciar no brix, porque ele é um dos maiores e um dos principais drenos. Então, a planta precisa estar muito bem, nutricionalmente, para translocar todos esses carboidratos e açúcares, para finalizar o fruto. Se a planta está sobrecarregada com esses excessos, acaba não conseguindo demandar. É como um animal que pare uma determinada quantidade de filhotes e acaba rejeitando algum porque sabe que não dará conta. Naturalmente, é o que a planta faz, começa a dar sinais de que não vai concluir seu ciclo produtivo”, detalhou.

Outro ponto prejudicial ao brix ideal da uva é o manejo inadequado da irrigação. “É importante saber fazer um bom uso da água, no seu momento certo, na quantidade certa. Um ponto principal desse processo está relacionado à parte nutricional, que exige um equilíbrio entre os nutrientes, e essa questão do manejo de água tem uma relação direta, porque a água é um transportador. Então, você pode utilizar a melhor tecnologia, mas, se não tiver um bom manejo de irrigação, a planta não vai conseguir assimilar aquele nutriente. Ou, se for uma falta hídrica, ela vai passar por um momento de estresse e haverá um desequilíbrio hormonal. Então, são vários fatores”, explicou.

Lubarino lembra, ainda, que, até uma determinada fase, toda uva se mostra bonita e atraente, por isso há a hora certa de avaliar se houve êxito ou não na produção da safra. “O ponto em que você avalia se realmente é uma fruta premium, uma fruta top, é no seu período de maturação e de colheita. Porque é uma fase em que a planta está menos estressada e necessita de uma reserva para finalizar o fruto. Se for uma uva branca, ela vai se preocupar com o enchimento do fruto, com o brix e acidez. E, se for uma uva de coloração, além do enchimento e brix, vem a questão da cor. Se uma planta não estiver bem, equilibrada na parte hormonal, um bom manejo de tratos culturais, dificilmente, vai atingir uma qualidade. Vai ser uma uva vendida para a produção de vinagre ou outra finalidade que não paga os custos”, determinou.

crédito da foto: Mª Francisca Canovas de Moura/Embrapa

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