Assim como no corpo humano, a fisiologia das plantas conta com a presença de um sistema vascular. Só que, nesse caso, em vrz de veias e artérias, existem os vasos condutores. Através do xilema e floema, circulam a água, os nutrientes e as substâncias orgânicas indispensáveis para o desenvolvimento desses vegetais. Porém, quando fatores externos e/ou até algumas espécies de fungos conseguem romper esses vasos, alguns agentes causadores de doenças se instalam no local impedindo a passagem desses nutrientes, o que pode até causar a morte destas plantas.
Em entrevista ao podcast “Da Central para o Campo”, a doutora em fitopatologia e professora da Universidade do Estado da Bahia (UEBA), Ana Rosa Peixoto, detalhou essa situação e deixou um alerta para os produtores. “Há patógenos vasculares e também os radiculares, que geralmente habitam o solo e, se houver algum ferimento na raiz, eles penetram e começam a atuar, muitas vezes, impedindo a absorção de água e nutrientes. Quando ele vai para o sistema condutor da planta, para os vasos condutores, também eles impedem a translocação desses nutrientes e dessa água”.
Essa porta de entrada pode ser aberta por diversos fatores. “O manejo, alguns insetos de solo, nematóides que também podem estar no solo e até alguns dos próprios fungos, através da formação de apressórios, propiciam a penetração desses patógenos na planta. A partir disso, a parte aérea da planta começa a amarelecer, a murchar, definhar, o vigor fica reduzido, há redução de produtividade e quando a gente faz corte no tronco das plantas, nos ramos, observamos o escurecimento vascular, que é justamente a prova de que o patógeno está presente, causando esse impedimento de transporte de água e nutrientes.
Ana Rosa ainda explicou que, entre as consequências da atuação desses fungos vasculares, está o declínio da videira. Causado por um complexo de fungos, como o phaeoacremonium e lasiodiplodia, esta doença pode ser irreversível.
“A planta começa a amarelecer, as folhas diminuem de tamanho, há murcha na parte aérea, o vigor é reduzido e isso pode causar podridão e até a morte a depender do complexo de fungos envolvidos. Além do phaeoacremonium e lasiodiplodia, há também o fusarium, que é um fungo muito importante. Ele pode vir através de materiais vegetativos de propagação de outras áreas para cá”, alertou.
O engenheiro agrônomo Paulo Victor, responsável pelo desenvolvimento de mercado da FMC na região, destaca que o combate a essas doenças está diretamente ligado à estratégia de manejo. “Não existe milagre, existe um manejo para que a planta tenha uma resistência maior e uma melhor absorção. Porque, antigamente, eram utilizados produtos químicos vasculares, que são sistêmicos e translocam por esses vasos, para tentar controlar esses fungos. Só que quando eu já tenho essa doença dentro dos vasos condutores, ela começa a dificultar até a translocação, que é a movimentação desse produto. Por isso que, hoje, uma das estratégias que a gente adota é a interação entre químicos e biológicos”, explicou.
A estratégia, segundo o agrônomo, vai desde os cuidados com o solo até a tecnologia de aplicação. “Assim, nós temos o biológico atuando na fase inicial, no solo, e temos o manejo também de produtos químicos. Então, essa integração é importante para minimizar as problemáticas. Não existe só uma ferramenta que vá resolver o problema, há todo um manejo integrado para solucionar essa situação”.