A malformação, também conhecida como embonecamento, causada pelo fungo Fusarium subglutinans, é um dos sérios problemas da mangueira em todo o mundo, podendo ocasionar perdas na produção de até 86%. Sua ocorrência já foi relatada em diversos países, como África do Sul, Sudão, Paquistão, Índia, Egito, Estados Unidos, México e Israel.
No Brasil, a doença tem sido relatada nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Pernambuco, Bahia, Goiás e Distrito Federal. A incidência da doença na região do Submédio São Francisco é variável, mas pode chegar a 100% das plantas em pomares pouco manejados, ocasionando perdas bastante significativas.
Sintomas
Sintoma de embonecamento da inflorescência ocorre devido à redução no comprimento do eixo principal e surgimento de ramificações secundárias na panícula, gerando um aspecto de cacho que lembra uma boneca de pelúcia, daí o nome popular de “embonecamento”. As inflorescências malformadas não produzem frutos, pois ocorre uma alteração nas flores que, em vez de serem hermafroditas, tornam-se estaminadas. A manifestação da doença na fase de floração se caracteriza, portanto, num desenvolvimento anormal das inflorescências.
A raque da inflorescência e as ramificações secundárias ficam mais curtas, o que dá à panícula uma aparência de cacho compacto (bonecas) e com flores inférteis. Estas panículas ficam retidas na planta e, se não retiradas, escurecem e necrosam, servindo como fonte de inóculo para novas infecções.
Nos ramos vegetativos, o fungo também causa um superbrotamento devido ao grande número de brotos vegetativos originados das gemas axilares do ramo principal.
Apesar das malformações floral e vegetativa serem sintomas do tipo hiperplástico, com ausência de lesões nas partes afetadas, o patógeno é capaz de colonizar os primórdios foliares, sépala, interior de pedicelo, interior de glândulas produtoras de néctar, tricoma e sacos das anteras. Portanto, panículas e ramos malformados deixados no pomar são verdadeiras fontes de inóculo.
Ciclo da doença e epidemiologia
A doença pode ser disseminada pela prática da enxertia ao utilizar material
propagativo infectado. A dispersão dos esporos dentro de um pomar é favorecida pela ocorrência de ventos, principalmente em pomares onde a inflorescência ou os ramos malformados não são retirados. Assim, o fungo, ao atingir as gemas, gera novas infecções e o desenvolvimento e o crescimento do fungo no interior do órgão afetado causam um desequilíbrio hormonal nele, resultando em brotações e panículas anormais. O período de incubação da doença, ou seja, o intervalo entre a infecção do tecido e a manifestação do sintoma é bastante variável podendo variar de semanas a meses.
Em trabalhos de inoculação artificial, sob condições controladas, verificou-se que os sintomas surgiram entre 6 e 8 semanas. Acredita-se que o fungo infecte o tecido em épocas de alta umidade e permaneça no tecido dos ramos terminais até a emissão de novas brotações ou panículas.
Controle
- Fazer vistoria periódica do pomar e viveiros para eliminar material vegetal sintomático;
- Não usar na formação de mudas porta-enxertos, borbulhas ou garfos de plantas que apresentem ou já apresentaram sintomas da doença;
- Eliminar mudas que apresentem sintomas de malformação vegetativa;
- Evitar a aquisição de mudas malformadas e/ou provenientes de viveiros e regiões onde ocorra a doença;
- Em plantas adultas, podar e destruir os ramos que apresentem sintomas da malformação;
- No caso de reincidência dos sintomas, fazer uma poda drástica. A cada poda, deve-se fazer a desinfestação dos instrumentos de poda e proteção das áreas podadas da planta com pasta cúprica;
- Eliminar panículas com malformação floral, com um corte realizado a, pelo menos, 60 cm abaixo do seu ponto de inserção;
As panículas retiradas das plantas devem ser queimadas.
(Texto colhido no artigo: Doenças da mangueira/Autores: Dr. Diógenes da Cruz Batista e Dra. Maria Angélica Guimarães Barbosa. Pesquisadores/ Fitopatologia)