Os microrganismos do solo fazem parte do ecossistema e exercem funções importantes no crescimento das plantas, aumentando a quantidade e a qualidade dos alimentos produzidos. O conjunto dos deles forma o que é chamado de microbioma ou microbiota do solo. Esse foi o assunto debatido na edição desse sábado (18) do podcast “Da Central para o Campo”.
De acordo com o engenheiro agrônomo e representante comercial da Agrivalle, Rafael Veras, esses microrganismos são responsáveis por cerca de 80% a 90% dos processos metabólicos que acontecem no solo, ou seja, são os responsáveis pela interação da planta com o solo.
Por isso, é importante evitar os processos de degradação que podem extinguir esses microrganismos, já que, segundo o agrônomo, é improvável que seja possível realizar cultivos bem-sucedidos em áreas que não conservam a microbiota do solo.
Entre os cuidados recomendados está não realizar as queimadas para limpeza de uma área, pois o fogo é um fator importante para a diminuição da biodiversidade do solo. “Não é aconselhável fazer queimadas. É mais importante que haja boas práticas de manejo, porque a queimada, de fato, prejudica muito a boa vida deste microbioma também”.
O uso excessivo de agroquímicos e de algumas substâncias é outra prática a ser combatida. “Não só os produtos químicos, mas práticas de manejo que não são favoráveis aos microrganismos. Por exemplo: a adição de muito cloreto. Nós usamos muito o cloreto de potássio aqui, que tem um teor de cloro muito grande, e isso acaba prejudicando também os microrganismos. Quando você não faz o manejo correto de adubação, os adubos têm um índice salino muito grande. Então, quanto maior esse índice salino, ali na microbiota do solo, na rizosfera, mais eu prejudico também a vida do solo”.
O uso de defensivos também precisa ser moderado. “A adição de fungicidas e bactericidas no solo, visando acabar com doenças, eliminará as doenças, mas também eliminará a parte boa do solo. Então, são várias práticas de manejo que, ao longo dos anos, são feitas repetitivamente e estão prejudicando a vida do solo”, alertou. Por fim, quando questionado se seria possível recuperar um solo salino, o especialista optou pela sinceridade. “É possível, mas é caro, além do próprio prejuízo que está sendo causado na lavoura naquele momento também. O ideal é sempre prevenir do que remediar”, aconselhou.