Apesar das previsões de mercado apontarem para um cenário favorável na comercialização de tomate de mesa, os produtores precisam ficar atentos à demanda industrial. O alerta partiu do especialista de mercado da Cepea, João Paulo.
“Assim como vem sendo desde o ano retrasado, de forma geral, será um ano bom. Mas vamos passar por um período ruim. As áreas de cultivo do tomate têm reduzido nos últimos anos, então vem ocorrendo um equilíbrio melhor em relação ao que se tem de oferta, produção e demanda. Isso, de forma geral, tem permitido bons preços ao longo do ano”, explicou.
Entre os fatores favoráveis, está a manutenção da área de cultivo no país. “A gente não tem aumento de área de plantio destinado ao mercado de mesa. Nos últimos três anos, não houve aumento, até com uma certa tendência de redução. Significa que o cenário positivo que a gente viu, na maior parte do ano, em anos anteriores, deve se repetir.”
Porém, é necessário ficar atento às oscilações climáticas que podem antecipar a colheita, pressionando o mercado. “A tomatecultura tem algumas especificidades. Uma delas é a questão da maturação. De repente, eu estou com uma área controlada, mas, se tenho um calor mais forte em determinado período, isso pode causar uma concentração de colheita, levando a uma redução, em determinado período, de preços”, destrinchou.
Entretanto, a possibilidade de redirecionamento do tomate indústria para o mercado de mesa é um dos fatores mais preocupantes. “Esse é um fator que pode afetar o mercado. Acontece muito, aqui, no Sudeste e acaba afetando o Nordeste também. Muito embora os plantios de [tomate] indústria sejam destinados para a indústria, eventualmente há uma parcela que acaba entrando no mercado de mesa e isso pode acabar interferindo nos preços.”
Apesar de preocupante, isso não acontece há dois anos no Brasil. “Em 2020 e 2021, não aconteceu isso, porque a área de [produção do tomate] indústria vinha de um patamar muito baixo e as indústrias vinham com estoques baixos também e demandando muito dessa produção. No ano passado, especialmente, tivemos quase 25% de aumento de área de tomate para a indústria e este ano já está previsto pelo menos uns 18% de aumento. Então, isso significa que haverá provavelmente uma oferta maior desse tomate que deveria ser destinado à indústria, mas parte dele acaba vindo para a parte de mesa”, afirmou, apontando que, caso isso aconteça, será entre os meses de julho e setembro, pois é o período de produção do tomate indústria.